C.V. | Biografia

C.V. | Perfil
Por Manuel Inês Soares
Jornalista

De seu nome José Carlos Branco Cardoso, nascido em Lisboa, quando decorria o ano de 1944, desde muito jovem sentiu prazer pelo desenho e por trabalhos manuais, os primeiros passos para a carreira que viria a abraçar: a de pintor d’arte.
A sua obra é vasta e teve o seu início ainda como aluno na escola preparatória Eugénio dos Santos onde, com a ajuda de mestres e professores participou na execução de diversos painéis em mosaico tipo «covina» alusivos às antigas províncias ultramarinas e que ainda hoje podem ser apreciadas.

Mais tarde frequentou a Escola Industrial Marquês de Pombal onde aprendeu a trabalhar ferros e metais, fundição, moldes e fornos.
Quando cumpriu serviço militar foi requisitado ao serviço geral de material de guerra, para o grupo de armazéns de Belém, para desenhar toda a ferramenta que faziam parte das diversas oficinas do exército, tais como carpintaria, serralharia, bate-chapa, soldador, etc., tendo então surgido os catálogos de ferramenta elaborado com a sua participação e orientado pelo Capitão Gama, responsável pelo sector.

Após cumprir o serviço militar cursou Pintura na Escola de Artes Decorativas António Arroio e complementar de Artes do fogo. Ali, de tudo se fazia um pouco. Desde o desenho de letra, figura com modelo, ornato, composição e design.
Professores como Dorita Castelo Branco,  Querubim Lapa, Enide Abreu, Aldina Costa, Ricardo reis, Albertina Mantua, Mestre Falardo, etc.  entre outros que proporcionaram-lhe conhecimentos vastos mais profundos de técnicas de pintura, desenho e artes do fogo, um filão importante que para si passou a representar e que soube aproveitar totalmente e, sem hesitações optou pela pintura.

Uma opção que passou a fazer parte integral da sua vida, como se pode comprovar pela listagem de exposições já efectuadas nas mais diferenciadas regiões do País, exposições acarinhadas e aplaudidas por quantos as visitam. Uma opção que o leva a estar mais tempo em ateliê do que em casa. Ali, o desenho e a pintura e ele próprio estabelecem um diálogo «surdo», um autêntico namoro dando forma e contornos na tela antes acariciado. Os tons e os volumes vão surgindo, a ideia resulta e a obra marca. È mais um «filho», fruto do amor, do sentimento e do sonho de uma realização pessoal.
E como Branco Cardoso refere aos amigos, a sua pintura é para lhe agradar, não se deixando influenciar por outras formas de arte que também o apaixonam como, por exemplo, «o Surrealismo e o Cubismo».

C.V. | Prémios
1º. Prémio | Cartaz de Turismo | Junta de Turismo da Ericeira

C.V. | Bibliografia
- Anuário Nacional de Artes Plásticas, Estar Editorial
- Arte’98, Inter Empresas
- Aspectos das Artes Plásticas, Vol. III, Fernando Infante do Carmo
- Who Is Who Of Artists in Portugal, A. J. Paraschi



C.V. | Textos

Por  Cecília Melo e Castro
Professora, Poetisa, Artista Plástica...
(com toda a minha admiração)
Mestre Branco Cardoso e a sua obra
…Qual “moçoila” curiosa nas aldeias que atravessei, qual “menina” de seu avô que se deleita com os segredos encontrados no baú do sótão lá de casa, qual “jovem” que se descobre na aventura apaixonante de um olhar, qual “mulher” que procura nos retratos, as épocas das suas memórias, inventando e reinventando os sinais de toda uma vida, afinal ainda por percorrer…
Tudo isto senti ao entrar no espaço que faz a história de quase toda a Arte em geral e os seus Estilos em particular, na obra e atelier de Mestre Branco Cardoso.
Senti os amores, os odores e as cores; andei pelas paisagens inventadas de desejos; procurei os rostos corados e torturados na azáfama das suas lides; vesti os tecidos com que envolve os corpos de uma família sempre próxima; habitei os Museus, as Catedrais, o casario; ouvi as bandas que aparentemente silenciosas ao meu olhar, tocam afinal vibrante e sinestesicamente no centro dos meus Coretos. Percorri as memórias dos viajantes secretamente escondidos dos meus olhos e da poeira que os torturasse, nos barcos, nos carros, ou qualquer que fosse o meio que os transportasse…
Viajei pelos sentidos, orientei-me pela bússola da sua experimentação…
Numa fracção de segundo, interroguei-me sobre quantos caminhos a História, a Sociologia, a Antropologia deveria percorrer, para nos poder transmitir profundamente, toda uma vida de entrega e paixão com que Mestre Branco Cardoso nos deslumbra a cada traço, a cada gesto, a cada olhar, em cada obra sua.
Só pode ser uma “história da estória” porque traduz através das suas, as histórias de todos nós, ou aquelas a que gostaríamos de pertencer.
Visitei os cantos dos cânticos e perdi-me nos sonhos com que o Canto da Sereia me perseguia, não me deixando partir…
As sublimares figuras, os seres que habitam quer no espaço do seu atelier, quer no tempo em que realizam e perpetuam, convidam-me a ficar, ficar, ficar…
Mestre Branco Cardoso: Dê-me a sua mão e leve-me consigo nessas paisagens e memórias deslumbrantes!



Por António Sobral de Sousa
Licenciado em História | Analista Transaccional e Técnico de Counseiling

BRANCO CARDOSO
Data de nascimento 1944
Assim como a soma algébrica da sua data de nascimento é o nove, símbolo da totalidade, assim Branco Cardoso transmite-nos em toda a sua vida, uma constante totalidade, através das suas múltiplas viagens de aquisição de inspiradores conhecimentos e da forma como estruturou a sua própria arte, fundindo num todo, que pretende coerente, diversos estilos e abordagens temáticas.
Isto tudo a propósito das múltiplas vivências por mim sentidas aquando a minha passagem pelo seu ateliê/galeria. Qual caverna de Ali-Bábá, as telas por si produzidas apareciam à minha frente de forma triunfal, para meu deslumbramento, porque me parecia estar em presença de vários artistas com temáticas próprias, mas que logo perdiam a sua individualidade para se reintegrarem num todo que é Branco Cardoso. Esta capacidade de desdobramento da linguagem plástica dá-nos a dimensão da genialidade do artista.
Ali um retrato fiel da filha do amigo ainda mais fiel, acolá o rio de Damão chorando saudades, lado a lado com a imagem do Coreto de Rossio ao Sul do Tejo. O olhar foge-me, logo de seguida, para várias - apetece dizer - apetitosas naturezas mortas, tal o convite que fazem aos nossos sentidos e sensações. Perco-me na tentativa da decifração das várias telas simbolistas cujo código não detenho mas que têm o poder de me emocionar pois obrigam-me a sentir o que as palavras não traduzem.
Dos retratos/reproduções, ficamos impressionados não só da sua perfeição face ao original, como da fidelidade histórica, graças à verdade do traço e às pesquisas históricas que lhes estão inerentes.
Retratos das várias expressões (vivências) do colectivo que entendemos como vida, este é o artista Branco Cardoso, a sua obra e a mensagem que pretende transmitir. Experiência que entendo como única, fico-lhe muito grato de ma ter proporcionado.